Continua suspenso porque é muito mais difícil botar os pés no chão do que mantê-los a uns 10 centímetros do solo. Já que, ao tocar o chão, ele pode ser enfiado na lama ou em algum buraco. Ou até de ser conduzido sobre um caco de vidro que causará uma ferida profunda. E isso pode ser bastante dolorido.
Quando os pés não tocam o solo não há limites ou esforço para ir aonde o desejo mandar. Flutuando, livre ao sabor do vento, leve e solto. Sem dor, sem arranhões, sem riscos. Mas com os pés no chão, não. O contato gera atrito, sensações boas e ruins, frio, calor, pressão. Com o tempo esse pé acabará ficando calejado e, por consequência, defendido. Trará as marcas de todos esses contatos. Um pé vivido. Um pé andado.
E eis que o pé andado encontra um terreno confortável. Macio, nutritivo, plano, firme, úmido, confiável. E cria raízes. E sabe que não vai mais sair de lá por um bom tempo. Ficará imóvel, ao mesmo tempo plácido, mais observando o que se passa a sua volta, do que desejando sair por aí a 10 centímetros do chão. Muito menos nas suas arriscadas andanças ásperas.
Ainda assim, mesmo cansado, calejado e enraizado, o pé saberá que a cabeça vai estar sempre nas nuvens, apesar dele firme no chão. E que esse mundo é mesmo totalmente sem pé nem cabeça.
OM SHANTI!
Um comentário:
a cabeça fica nas nuvens justamente porque o pe está no chão, se os pés ficarem fora do chão é a cabeça que fica nele.
Gostei do encadeamento de idéias.
Beijos
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