terça-feira, 31 de janeiro de 2006

NONSENSE: pérolas do peru

Selecionei aqui algumas pérolas do Peru: coisas e frases inesquecíveis e peculiares que, lógico, só tem no Peru!

FRASES que não cansamos de falar:

"Hoja de coca no ès droga!" - e não é mesmo, viu?

"Mi dulce amor, me falta el aire..." cantava uma mulher no CD da vã que nos levou ao Valle Sagrado - frase que repetimos a viagem inteira, por causa altitude...

"uno és suficiente para la familia" - para "familia" leia-se ele e eu!

"es temprano! tome sus photos!" - o guia, quando estávamos apressados na trilha

"hay ducha caliente? hay desayuno?"; "habitación matrimonial com baño privado" - nem todos os hotéis tinham quarto com banheiro, muito menos com cama de casal...

"comprélo, mi amigo" - todo mundo é "amigo"!
"passa amiga, passa"... "amiga, photo?".... "amiga, hay que pagar!"

"ahorita, ahorita" - quando tinham pressa

"tienes más grande, más pequeño, para niños?" - para compar chompas e camisetas

COISAS:
mate de coca

refrigerante INCA COLA - amarelo-cheguei com gosto de tuti-fruti

Chollas- aquelas mulheres de saia rodada, manta nas costas e chapeuzinho que circulam por La Paz aos montes

maíz - um milho deste tamanhão que fazia uma pipocona desse tamanhão!

chompas - mantas de todas as cores

challa - ritual de abençoar os carros com folres, ornamentos coloridos, bombinhas e cerveja

"titcha" - não sei como escreve, mas é assim que se fala: bebida feita de maíz, uma aguardente de milho, usada para os rituais e ocasiões especiais

Trucha - a truta do lago Titicaca que mais parece um salmão: é cor-de-salmão, grande e gorda!

Papas - trocentos tipos de batatas

galletas - biscoitos

islas uros e taquiles: ilhas feitas de um capim chamado "totora" e que tem gente morando em cima - tudo é feito de totora: as casas, os bancos, o posto telefônico...

Viracocha, Pachamama e Intipata - os deuses incas: pai do universo, mãe-terra e o deus do sol

Enfim...... uma infinidade de coisas novas, diferentes e o portunhol de arrazar!

Om Shanti!

PARA O COMEÇO DO ANO: aprendi na trilha

Posted by Picasa
Ahhhh... depois de mais de 1 mês sem escrever... meus dedinhos sentiram falta do teclado...

Pois é, caros e pacientes leitores, estou voltando do meu período sabático!Foram 15 dias de experiências maravilhosas!

Na Bolívia, cheiros, sabores, paisagens, pessoas, música, cultura tão diferentes! Sensações, principalmente. De vertigem, cansaço, falta de ar e cefaléia... por causa da altitude: 4100m! Ninguém passa incólome por La Paz, nosso primeiro destino. E no Chacaltaya, batemos o recorde de nossas vidas: 5500m de altitude, com direito a nevasca, lábios roxos e tudo! No Lago Titicaca, ainda muito alto e muito mais frio, com uma bendita brisa congelante, achei até que as coisas iam melhorar... (E reparem: janeiro é verão!!!!) Mas as intempéries continuaram: para nossa alegria, claro! Quem está na chuva é para se molhar meeeesmo! Seguimos isso à risca! Haja mate de coca!

No Peru... Cusco é deslumbrante. Você acha que vai chegar lá e visitar meia dúzia de pedras que sobraram da civilização inca. Que nada! São cidades inteiras! Fora Machu Pichu, que é um desbunde, não tem pra ninguém... É tudo inca, os nativos estão lá falando quéchua, a comida, os costumes, os nomes, tudo inca...

Passamos um ano novo muito especial em Cusco! E em 02 de janeiro partimos para a trilha inca.
Depois de todos os desafios que já havíamos enfrentado, este era o mais esperado: a perigrinação até Machu Pichu em 4 dias de caminhada. No primeiro dia é tudo muito animado: o terreno é plano, o caminho é de terra batida, a distância é pequena... quer dizer, um aperitivo.

No dia seguinte, o prato principal, muda tudo: 5 horas subindo, subindo, pé ante pé, até atingirmos 4000m de altura, no final da subida. E não tem jeito, não tem alternativa: tem que seguir em frente. Chega até a bater um certo desespero... não adianta querer voltar de taxi, parar para dormir, chamar um guincho, sentar no chão e chorar... o negócio é baixar a cabeça e ir em frente - como aconteceu comigo - e lá em cima.... adivinhe! Não é o final! Uma descida vertiginosa, literalmente, por mais umas 2 horas, montanha abaixo por uma escada infinita de degraus irregulares... os joelhos já começam a pedir arrego aí mesmo...

Enfim, ainda tem energia para o terceiro dia, mais 17 km... e no quarto dia: a recompensa: lá está Machu Pichu, com toda sua suntosidade, dependurado num penhasco vertiginoso...... aquela visão clássica dos filmes e dos postais, está lá: bem debaixo do meu nariz!

Esquecemos o cansaço e subimos mais trocentos degraus aqui e ali para alcançar os pontos mais altos da cidade... A sensação de missão cumprida é indescritível. Atingir o objetivo, ultrapassar os obstáculos e os limites do corpo e, o melhor: superar a mente, que pode ser meio traidora de vez em quando, com o célebre discursinho do "ali você não chega, é muito difícil para você, você nunca fez isso antes" e outras ladainhas do pensamento...

Valeu, mas valeu mesmo! A trilha foi uma das coisas mais importantes que já fiz nessa minha vidinha... a gente aprende na pele que É possível chegar lá. Pressa não leva a nada. O importante é a determinação... e não desistir nunca! Não é preciso olhar para trás para ver o que passou, ou para frente, para ver quanto falta. Sabemos que o destino está lá - e é lá que, passo a passo, vamos chegar, mais dia, menos dia, mais cedo, mais tarde... a gente chega!!!

Fiquei mais corajosa, com o corpo quebrado, mas cheio de ânimo, mais confiante, acreditando mais... ah sim, e muitíssimo mais apaixonada pela vida... e pelo meu parceiro, que foi graaande, ponta-firme mesmo, cuidador e carinhoso... ele fez minha caminhada mais leve, arrancou-me sorrisos nos momentos dos maiores bicos, me segurou, me apoiou, teve paciência, (perdeu a paciência também), trouxe paz, segurança e, lá no fundo do coração, aprendi na trilha, que este é o meu parceiro e companheiro para t-u-d-o nessa vida....

OM SHANTI!

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

TODOS SOMOS UM