quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DIARIO DE BORDO: Kannur

Depois de 3 voos, horas de aeroporto, 3 horas de viagem de carro bastante tumultuada, cheguei em Kannur!!!

Estou hospedada em um hotel no centro, Royal Omars. Nao eh a melhor opcao aqui, jah que kannur tem praia, e poderiamos ficar mais perto do mar. Mas o hotel fica a 5 minutos de carro da clinica onde estou estudando! Foi otimo rever Dra. Sapna e Dr. Rajesh!!! O ano passado a clinica deles era em outro lugar, meio decadente. Nao tinha muita estrutura, era abafado e escuro. A sala de aula virava sala de pratica, empurrando as cadeiras num canto. Mas agora nao! Eles mudaram para um espaco bem maior, confortavel e arejado! A sala de aula teorica tem paredes decoradas, lousa branca e ar condicionado! A sala de pratica eh enorme, com varios dronis (macas proprias para praticar ayurveda) .... isso para os padroes India, Kerala, e especialmente Kannur, eh um progresso enorme! Fiquei meuito feliz com a mudanca dos meus queridos amigos e professores!

As aulas comecaram e estao indo bem. Aqui em Kannur, a enfase eh na pratica, entao estou revendo abhyanga, shirodhara, pindasweda, bastis e especialmente kalari marma massage, que eles amam e fazem questao de ensinar, por ser uma tecnica tipica do Kerala. Alem disso, estou tendo aulas de beauty care com coisas muito natuirebas e baby care. Semana que vem Dr. Rajesh vai me dar umas aulas especiais de pediatria!

Dia primeiro de janeiro comeco as aulas de Harmonium.



 Eh um instrumento ocidental que caiu nas gracas do indianos e eh muito mais ticado aqui do que em qualquer outro lugar do mundo, principalmente nos bhajans. O Marco, um dos meus colegas brasileiros, toca sitar, e vamos ter umas aulas de musica juntos pra ver se conseguimos montar um grupinho de musica. Como toco teclado, acho que jah vai ser meio caminho andado para aprender um pouquinho do Harmonium, que nada mais eh do que um teclado com um fole.... veremos!!!

Enquanto isso, eu e a Barbara ficamos nos deliciando com todas as spicy foods que tem por aqui! Sao tantos sabores e aromas que a gente fica ate perdida! E assim labemos os beicos com os pulao, subzi, navaratma korma, palak paneer, paneer tikka, idli, dosa, gulab jamun.... uau.... and so on...




Este eh o IDLI - paozinho de farinha de arroz quye comemos com este molhinho apimentado, de cafe da manha!









Ficamos perdidas tambem nas lojas de tecidos! Compramos umas kurtas ontem, para passar o ano novo de roupa nova e cara de indiana!!!!



Este eh um conjuntinho basico: kurta, a blusa; dupatta, o lenco e a calca. Todas as mulhres se vestem assim aqui. Algumas outras andam de saree. Aqui em Kannur, nao se compra a roupa pronta. A loja tem o kit com o tecido pronto para a kurta, para a duppatta e para a calca, jah combinando o conjunto. E ai, a costureira faz sob medida!














Enfim! Tudo esta mais do que otemo por aqui!!! Definitivamente me sinto em casa! Minha amiga Barbara, apesar de ter chegado por aqui a primeira vez, esta tao adaptada que eh capaz de arrumar um indiano e ficar por aqui mesmo!!! HAHAHAHA.....

Mando mais noticias logo, e vou tentar postar umas fotos minhas.

As desta postagem sao da internet!

OM SHANTI!  HARI OM!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

INCURSÕES POÉTICAS: Haikai, a poesia zen

Cismei de escrever HAIKAI!


 Li vários haikais, tão lindos, sempre retratando uma bela imagem. E descobri que o haikai não é apenas um poema curtinho! Tive vontade de escrever também, e fui estudar um pouco de teoria literária, para poder fazer direito.

O Haikai, é uma forma poética de origem japonesa, com essência contemplativa e descritiva, que respeita basicamente quatro regras:
- tem 17 sílabas poéticas divididas em 3 versos, de 5, 7 e 5 sons.
- o tema é a natureza
- refere-se a um instante, com um clique da máquina fotográfica ao capturar uma imagem; retrata o momento presente, o agora, e não o que já passou
- possui um kigo: termo relativo a uma estação do ano, como primavera, verão etc, ou melancolia = outono; vivacidade = verão; flores, juventude = primavera; tranquilidade, reclusão = inverno e assim por diante.

Não há necessidade de colocar um título, nem letras maiúsculas. Eu prefiro a forma bem tradicional, respeitando a métrica, empregando o kigo e falando da natureza. O ideal é usar palavras simples, sem metáforas, e descrever aquele instante, sem a impressão subjetiva do poeta. O haikai clássico é um retrato. Escrevê-lo é capturar a essência do local, a união com a natureza e o contraste do efêmero com o eterno. Como neste:

Ao sol da manhã

uma gota de orvalho
precioso diamante.


Matsuo Basho (1644-1694)

Lembrando que a contagem das sílabas poéticas é diferente da contagem das sílabas gramaticais, que é própria da prosa:

in/se/gu/ra/ es/pe/ra /a /me/ni/na são 11 sílabas gramaticais.

E em in/se/gu/ra es/pe/ra a/ me/ni/na são 8 sílabas poéticas, pois a contagem termina na última sílaba tônica do verso. No caso menina é paroxítona, portanto "ni" é a última; e também por causa da elisão (quando uma palavra termina em vogal átona, ela se liga à proxima, caso esta se inicie com uma vogal ou com "h", conta-se uma sílaba só) e da crase (a fusão de dois sons vocálicos iguais). No haikai fica ao gosto do poeta: pode-se contar das duas formas. Eu prefiro a contagem das sílabas poéticas, tenho a impressão que assim o poema fica menos amarrado e, além de tudo, é mais... poético!

Adoro estudar essas coisas. Sempre curti literatura e foi no colegial e no cursinho que aprendi sobre métrica, poesia, prosa, tipos de discursos, narrações... Depois que entrei na faculdade, o que aconteceu muito mais às custas das minhas redações do que das provas de física e matemática, não estudei mais estas coisas especiais da língua portuguesa e hoje tento exercitar aqui o pouco que aprendi!


Mas, indo muito além de ser um exercício poético, o haikai fundamentalmente expressa em si a transitoriedade, salientada pelo emprego do kigo: assim como a estação do ano, tudo passa. O haikai retrata o aqui e agora, o presente. Escrever haikai é fazer o exercício de entrar em contato com o real, percebe-lo e compreendê-lo nas suas mais infinitas variedades e resumir de forma concisa aquele instante. Não deixa de ser um insight, um surto rápido e espontâneo de intuição, onde o poeta capta a imagem e tem o trabalho de colocá-la no papél de forma correta.

Não deixa de ser uma forma de meditação e de viver o aqui e agora.

Escrever haikai exige contemplação, que é buscar poesia, mistério, pequenas surpresas, nos acontecimentos mais simples e breves da vida, que tantas vezes passam despercebidos.


Hoje estou de plantão então, convenhamos, não tenho aqui na minha frente nada muito inspirador. Então, peguei algumas fotos da internet para contemplar... e deu nisso!

OM SHANTI!


                                                                      noite de verão
rápidas estrelas cadentes
brilham nos olhos







mil gotas de chuva
escorrendo na  janela
trazem solidão









cachoeira e rio
água pura em movimento
refrescando a pele

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

NONSENSE: e pesou o lado italiano!

Tarde de chuva hoje em São Paulo... (novidade, este mês só chove por aqui...) E, como combinado previamente com a minha mãe, deixei de ir dar plantão só para passar a tarde toda fazendo STRUFFOLI!

Struffoli é um docinho de Natal, que eu e minha familia,devido ao irrefutável background italiano, fazemos TODO, mas T-O-D-O final de ano. Já que viajo dia 25 para a Índia, estou me dando o direito de curtir o Natal bem antecipadamente. Para a nossa família está é realmente uma data especial. Apesar dos presentes e da comilança típicas de natal, a nossa curtição vai além disso, lembrando e revivendo os ótimos natais que sempre tivemos... prezando a memória dos que já se foram e agradecendo as bençãos que até hoje recebemos! O Natal é uma grande celebração para a Famiglia Gioielli!

O lado italiano vem da familia do meu pai. Mas minha mãe, logo que se casou, começou a se interessar pela cozinha italiana. As tias do meu pai, Angelo, irmãs dos meu avô Antonio, (Gracia, Anita e Luisa), eram grandes cozinheiras.

Quando eu e minha irmã éramos pequenas, eu devia ter uns 9 ou 10 anos, minha mãe chamou a Tia Luiza, naquela época já uma senhora, para passar a  tarde em casa, nos ensinando a fazer Struffoli. Aprendemos e desde então, nunca deixamos de fazer!

Meu avô delirava! Acho que ele ficava orgulhoso da única nora, que aprendeu a fazer este doce tipicamente napolitano, e aderiu fielmente à tradição da famiglia.

Hoje os dias estão muito mais corridos. Mas nós não conseguimos deixar de fazer os Struffoli, principalmente para lembrar do meu avô e da euforia que ele ficava na época de Natal! Como ele se deliciava com a fartura da mesa, a variedade de coisas que ele comprava nas suas idas ao Mercado Municipal... de onde ele sempre voltava com um sorrizão, uma sacolona e cantarolando: "tchan-tchan-tchan-tchan"... fazendo mistério sobre o que estava mais bonito e farto desta vez: azeitonas, gorgonzola, aliche...que saudade do meu vô!

A Tia Luisa é a única filha da Nona Anita que ainda está viva... velhiiiinha... mas tão velhiiiinhaaaa.... meus pais foram no ainversário dela de 95 anos há uns 3 anos atrás... e ela continua aí, mas, tadinha, em outra estratosfera, pois ela não reconhece mais ninguém. Ô dó!

Mas em memória do meu Vô Antonio e em homenagem à Tia Luisa e a toda a italianada da famiglia, hoje eu e minha mãe preparamos 2kg de massa, inúmeras minhoquinhas com ela, picamos em trocentos pedacinhos iguais, como mini-nhoquis...



 fritamos todos até atingirem a mesma cor dourada, e por último, passamos os mini-nhoquizinhos no mel! Até o ponto absolutamente certo, em que as bolinhas ficam todas grudadas por causa do mel. E a melhor parte é quando a gente estende as bolinhas melecadas no mármore da pia para esfriar.... depois, foi só acondicionar nas latas, e jogar um pouquinho de confeito em cima para ficar com aquela carinha típica italiana!

O ficou bastante parecido com este....




Dolce tipico della tradizione natalizia, gli struffoli sono piccole palline fritte ricoperte di miele e pezzettini di buccia di agrumi...belli da vedere e ottimi da mangiare!

E aqui, segue a receita:
 
RICETTA DEGLI STRUFFOLI


Ingredienti:

- Farina 600 gr ,
- Uova 4 + 1 tuorlo,

- zucchero 2 cucchiai ,
- burro 80 gr (una volta si usava lo strutto: 25 gr.)
-Scorza di mezzo limone grattuggiata
- Sale un pizzico
- olio (o strutto) per friggere

Per condire e decorare:
-Miele 400 gr ,
-confettini colorati (a Napoli si chiamano "diavulilli")
-confettini cannellini (confettini che all'interno contengono aromi alla cannella)


Questa è la ricetta tradizionale caratterizzata dall'assenza di lievito e struffoli particolarmente croccanti. Nel caso si preferiscono più gonfi, si può aggiungere all'impasto un pizzico di bicarbonato o di ammoniaca per dolci. In questo caso, la pasta deve riposare alcune ore.


Procedimento:


Disponete la farina a fontana sul piano di lavoro, impastatela con uova, burro, zucchero, la scorza grattugiata di mezzo limone,un bicchierino di rum e un pò di sale. Ottenuto un amalgama omogeneo e sostenuto, dategli la forma di una palla e fatelo riposare mezz'ora. Poi lavoratela ancora brevemente e dividetela in pallottole grandi come arance, da cui ricavare, rullandoli sul piano infarinato, tanti bastoncelli spessi un dito; tagliateli a tocchettini che disporrete senza sovrapporli su un telo infarinato.


Al momento di friggerli, porli in un setaccio e scuoterli in modo da eliminare la farina in eccesso.


Friggeteli pochi alla volta in abbondante olio bollente: prelevateli gonfi e dorati, non particolarmente coloriti. Sgocciolateli e depositateli ad asciugare su carta assorbente da cucina.


Fate liquefare il miele a bagnomaria in una pentola abbastanza capiente, toglitela dal fuoco e unite gli struffoli fritti, rimescolando delicatamente fino a quando non si siano bene impregnati di miele. Versare quindi la metà circa dei confettini e della frutta candita tagliata a pezzettini e rimescolare di nuovo.


Prendete quindi il piatto di portata, mettetevi al centro un barattolo di vetro vuoto (serve per facilitare la formazione del buco centrale) e disponete gli struffoli tutt'intorno a questo in modo da formare una ciambella. Poi, a miele ancora caldo, prendete i confettini e la frutta candita restanti e spargetela sugli struffoli in modo da cercare di ottenere un effetto esteticamente gradevole.


Quando il miele si sarà solidificato, togliete delicatamente il barattolo dal centro del piatto e servite gli struffoli.



BUON  NATALE E TANTI AUGURI PER TUTTI LA FAMIGLIA!!!!




Om Shanti!

ps: pena que não pude fotografar o nosso, estas fotos e a receita eu tirei da internet... mas, modéstia à parte, meu struffoli ficou beeemmm mais bonito! rs..

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

TODOS SOMOS UM