sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje é Ganesha Chaturthi - Aniversário de Ganesha!!!

Vakratunda Mahakaya - Lord Ganesha Mantra:

"OM  Vakratunda Mahakaya
Suryakoti Samaprabha
Nirvignam Kurume Deva

Sarva karyeshu sarvada"

"OM Oh Lord with twisted tusk and great body and the one who shines with the brilliance of a crore* of suns, please remove the obstacles in my path always and in all times"

"OM ó Senhor de presas curvas e grande corpo, aquele que brilha como a luz de dez milhões* de sóis, por favor remova os obstáculos do meu caminho, agora e sempre."

* 1 CRORE = é a unidade do sistema  numérico da Índia que corresponte a dez milhões; 1 LAKH corresponde a 100 mil - (a gente via frequentemente esta unidade numérica nos outdoors de propaganda de lançamentos imobiliários na Índia...)


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Namaste - o significado

Namaste!

Os indianos frequentemente se cumprimentam com Namaste (e eu saúdo os leitores do blog com Namaste também) não só por costume. Juntar as mãos em frente ao peito com um suave reclinar da cabeça pode ser considerado apenas um  mero gesto de formalidade, mas é muito mais do que isso! A saudação serve para todos: mais velhos, mais novos, para estranhos ou parentes conhecidos. A saudação com Namaste chama-se NAMASKAARA. (pode-se dizer Namaskar em situações mais formais).

A palavra NAMASTE   नमस्ते  vem do sânscrito: Namah + te, que literalmente significa "eu me curvo diante de você", ou seja, "minhas saudações à você". E ainda, Namah em sânscrito, pode ser literalmente interpretado como "na-ma" ou "não - meu". Tem o significado espiritual de negar ou reduzir o seu ego quando na presença de outro.

O encontro verdadeiro de duas pessoas acontece pelo encontro das suas mentes. E o ego pode atrapalhar e muito este encontro. Para verdadeiramente encontrar alguém, ouvir e ver esta pessoa, precisamos estar com o ego em seu devido lugar: apenas representando o seu papel natural que é discriminar que eu sou eu e você é você, nada mais do que isso. O ego não deve ser grande demais a ponto de impedir que se tenha acesso à outra pessoa. Com o ego no seu devido lugar, o pré-conceito diminui, a sensação de onipotência, poder e de que eu sei tudo e sou o centro do mundo desaparecem. Só assim é possível verdadeiramente encontrar o outro.

Portanto, ao gesticular e dizer Namaste, estamos querendo dizer "que as nossas mentes se encontrem", indicado pela união das palmas em frente ao peito - por isso dei o nome de NAMASTE ao blog - que a minha mente encontre a sua, que possa haver troca.

O suave declinar da cabeça é uma forma graciosa de estender amizade, em amor e humildade.

O significado espiritual de NAMASTE é ainda mais profundo: A força vital, a divindade, o Deus em mim, é o mesmo que está em todos nós! Ao reconhcer esta unanimidade através do encontro das palmas e com a cabeça declinada, saudamos a divindade na outra pessoa que encontramos. E é por isso que, quase automaticamente, fechamos os olhos ao saudar uma pessoa ou uma divindade: para que se possa para olhar para dentro.

Sabendo destes significados, a saudação deixa de ser apenas um gesto ou palavra solta, mas passa a ser uma caminho para uma comunhão maior com o outro, numa atmosfera de amor e respeito.

Na Índia, as pessoas têm muito repeito pelas outras. Não é formalidade, é respeito mesmo. É o reconhecimento de que a divindade está ali, no outro também! Vivenciei vários exemplos de respeito verdadeiro pelo próximo:

Quando o professor entra na sala de aula, todos se levantam, é uma forma de prestar homenagem àquela pessoa mais sábia e chama-se PRATUTHANA;

Para cumprimentar uma pessoa de idade, os próprios pais ou avós, ou alguém mais sábio  é comum ver as pessoas se abaixando para tocarem-lhe os pés. Esta forma de reverência chama-se UPASANGRAHAM;

A prostração com os pés. joelhos, barriga, torax e testa tocando o chão é mais comum de ser ver dentro dos templos, em frente às divindades ou aos sábios mestres. chama-se SHAASHTAANGA

E PRATYABIVAADANA é o ato de retribuir uma saudação: a forma menos formal que eu vivi lá na Índia e que me identifiquei e acabei trazendo para a minha vida também, é um "mini-namaskaara": a mão direita sobre o centro do peito (coração, que é a sede das emoções) e um leve reclinar da cabeça, assentindo em direção à pessoa, com um sorriso no rosto diz tudo: retribuo as saudações e amavelmente lhe saúdo.

É um gesto muito suave, que eu recebia dos meus professores, dos médicos que conheci, dos vendedores, dos funcionários e até dos guardas... é um gesto tão amável, que não tem  como não retribuir e não sorrir!
E também aprendi a usá-lo, tanto lá na Índia como aqui no Brasil, em sinal de agradecimento, respeito e amabilidade!

Hoje vejo que aqui no Ocidente é muito difícil presenciarmos alguém baixando a cabeça para outra pessoa. Tanto no sentido literal, como no caso da saudação, como no sentido mais metafórico. Egos inflados demais fazem com que a maioria das pessoas não consiga perceber como é bom ouvir, ver realizar o outro. Afinal, no exato momento em que encontramos uma pessoa, seja ela um professor, um parente, amigos, um vendedor numa loja, um funcionário do local de trabalho, ainda não sabemos o que esta pessoa írá nos dizer, nos mostrar, nos ensinar naquele momento. Declinando a cabeça por um segundo, deixamos o ego quieto lá no seu devido lugar e podemos receber o outro, sem pré-julgamentos.

Aprendi a ter uma grande satisfação em ouvir o outro, em me abrir completamente para o que virá através do outro. E no dia-a-dia, no trabalho, na família, na rua, tenho a maior satisfação em receber a todos com um sorriso e de coração aberto. Fui aprender na Índia o quanto isto me faz um bem danado e garanto que, na grande maioria das vezes, a recíproca é verdadeira!

Namaste, então, agora cheio de significado!

OM SHATI!

domingo, 15 de agosto de 2010

SAIBAM: Gestar...

Sim, sim, tempo demais sem escrever no blog!

Mas não me condenem desde já! O início do ano foi tão cheio de novidades que me perdi nelas!
Novidades na vida profissional, na familiar... Mas foi uma novidade específica, bem interior, que me tirou do eixo, no bom sentido da coisa!

VOU SER MAMÃE!!!

Não podia esperar uma novidade tão gostosa, que aconteceu tão rápido, no começo deste ano!

(Aliás, podia sim, já que meu astrólogo védico, o HoracioTackanoo, tinha previsto o ano passado, com tanta precisão!)

Cheguei da Índia no começo de Fevereiro, ainda embrigada pela viagem e pelo mergulho em tanto conhecimento. Antes da viagem, a vontade de engravidar ainda praticamente  não existia, pelo menos não ainda na superfície ... mas a Índia é especial, e mexeu comigo de tantas formas, que voltei diferente - redundante isso, já fale umas mil vezesi: ninguém volta o mesmo da Índia -  alguma coisa sempre muda, no interior.

Mesmo que, aos olhos das pessoas, eu continuasse a ser a Silvia de sempre, lá dentro, tinha surgido o desejo de ser mãe, que estava obscurecido pelas minhas milhões de curiosidades, objetivos, estudos e dedicações durante todo 2009. E, a partir de fevereiro de 2010, de volta ao colo do meu maridão, toda a minha atenção se voltou para um objetivo maior que todos aqueles que eu já julgava serem grandes: FAMÍLIA!

E assim foi! Tão intenso e tão rápido que engravidei em Março! E aí, Flavio e eu, que tínhamos tantos objetivos juntos (viagens exóticas, música, arte, filosofias...ape novo...), passamos a nos encontrar no maior de todos os objetivos que um casal pode ter: o de construir uma família. Nosso canto, nosso jeito, nossa casa, nossa herança para este mundo...

E hoje, estou aqui, com a Ana Luisa - Analu, para os íntimos - na barriga há 24 semanas! Meu foco agora é ela, nossa pequena Lakshmi, aqui dentro do meu ventre, podendo crescer tranquila e saudável. Continuo praticando yoga, (não com a frequencia que eu deveria, mas continuo!), tomando as medicações que trouxe da Índia, caminhando, ouvindo mantras, fazendo tudo possível para poder ter um parto normal, sem intervenções.

Estou sendo acompanhada por uma equipe de profissionais maravilhosos, incluindo o Dr. Jorge Kuhn, médico parteiro, como ele mesmo faz questão de se apresentar. A equipe, que é formada também por uma doula, uma parteira e um pediatra, trata de me deixar tranquila e me dar a certeza que não passarei por uma cesariana marcada ou mau indicada - a famosa "desnecesária"! Sei que estas pessoas, junto com o apoio incondicional do meu marido, irão me conduzir nesta jornada de vivenciar o momento de dar à luz e da maternidade da forma mais serena, tranquila e natural, simplesmente me ajudando a aceitar as coisas como são, a realidade como ela é, sem o véu da ilusão cobrindo meus olhos e querendo me convencer que a dor não existe e que o esforço não é neessário! E além de tudo, tenho a certeza que minha bebê não passará por intervenções desnecessárias e chegará neste mundo de forma suave, diretamente para o peito da mamãe e para o colinho do papai!

Tirando esta pequena e doce novidade chamada Ana Luisa, o resto continua caminhando! Continuo dando aulas no Cursode Formação para Terapeutas em Ayurveda da Clínica Dhanvantari, atendendo a consultas e sigo com a minha rotina na Pediatria convencional... pode parecer muito, mas reduzi consideravelmente as horas de trabalho/ mês, para não me sobrecarregar demais neste momento tão especial!

A partir de agora, o foco se desvia um bom tanto para o mais importate de todos os objetivos que já tive nesta minha vida! E o Ayurveda, o Yoga e tudo o que aprendi na Índia vêm casar com esse momento lindo que estamos vivendo, permeando a nossa vida e o nosso dia-a-dia, enriquecendo ainda mais a experiência de ser mãe e de dividir com o Flavio isso que cada um de nós chama de "a minha vida"!

OM SHANTI!

sábado, 20 de março de 2010

Causos da Índia

Nos intervalos entre uma aula e outra, a Bárbara e eu dávamos umas escapadinhas pela cidade... parávamos sempre em algum cantinho, ora para tomar um suco de manga ou de romã, ora comer uma fruta, uma batatinha chips apimentadíssima (as duas salivando para experimentar comidinhas bizarras e não, não tivemos diarréia!) ...perseguíamos gulab jamuns por aí, mas lá no sul da Índia eles são mesmo menos frequentes do que no norte, parávamos na doceria Sri Krishna Sweets para comer rasmalai ou sonpapdis e... credo, a gente comia, não?... agora que eu estou vendo como a gente lambia os beiços...












Mas Coimbatore não é exatamente uma cidade turística, então a gente dividia o tempo vago entre caçar comidinhas diferentes, ir ao mercadinho comprar papel higiênico e água mineral e ir até a lan house. Íamos para lá e para cá arrastando as havaianas no chão empoeirado chic-chic-chic...E era  no meio do caminho que a gente encontrava pessoas, fatos e situações interessantes!

Um dia fomos telefonar na nossa cabininha STD-ISD preferida, que era na frente da casa de uma senhora aposentada, que era a dona, que vivia contando estórias sobre o passado dela (para cada uma de nós, ela contava uma coisa diferente: ah, ela me falou que era professora universitária.. ué, para mim falou que trabalhava em uma empresa de aviões, coisas assim...) enfim, a cabininha estar na frente da casa significava estar na frente do esgoto que passava na frente da casa. Isso não nos incomodava, mas nesta noite, tinham tantas baratas, tantas baratas, subindo no portão, correndo em cima do muro, em cima da porta da cabine, que ficamos as duas boquiabertas pensando se deveríamos arriscar, já que já era tarde e a tiazinha só iria abrir a cabine porque já nos conhecia, e era um horário bom para ligar, porque a diferença do fuso era de oito horas... Estávamos as duas ali avaliando o custo-benefício da coisa, e devíamos estar com uma cara tão esquisita, que um moço passou e gritou da moto: go, go, they won´t bite ! Ó! Que consolo, ainda bem que você avisou, né moço! Mas mesmo assim não fomos não....  uuuuiii, credo!

Além da tia da cabinha, tinha o tio da internet. Vimos lá a placa: internet - email, e subimos para fazer contato com o lado de cá. O moço estava dormindo com  os pés em cima da mesa. A gente: excuse me, sir? sir? SIR??? Gente o moço estava dormindo tão profundamente que quase caiu da cadeira com o susto! Nos outros dias a gente entrava lá, ia usando o computador e ele só acordava na hora de cobrar: Hello ladies, twenty rupies, wich country? married? A gente ficou até amiga do moço, que ele nos convidou para o almoço do Pongal - ah, deixe-me falar a respeito do Pongal!



É uma data muito festiva, comemorada no estado de Tamil Nadu, que é um estado predominantemente agrícola. É uma festa onde se agradece ao deus sol, Surya, às vacas e aos grãos, pela fartura da colheita. Marca também o início do verão e a ida do sol em direção ao norte. Mas é uma festa assim tipo o nosso Natal! Feriado de quinta a domingo, pessoas de roupas novas, sanzando para lá e para cá com mudas de plantas, ingredientes para o jantar e enfeitando as calçadas com os Rangolis, ou Kolams como eles dizem no sul, que são as mandalas na porta de casa:

As calçadas e as ruas são tingidas de um tom verde-amarelado, com um cheirinho que logo descobri: é uma tintura feita de cocô de vaca! Há também um costume de enfeitar a casa com mudas como se fosse uma casinha dos tempos rurais e de deixar o leite ferver dentro de um pote de barro, quando ele transborda, é sinal de fartura - voltando, então, o nosso amigo tiozinho da internet queria que fôssemos à casa dele para o equivalente à nossa ceia de Natal! Claro que agradecemos o convite... mas não fomos não...rs.. não queríamos incmodar, nem nos sentir como dois aliens na festa de Pongal deles...No dia seguinte, acho que ele tomou todas no jantar do Pongal, resolveu cobrar da gente o dobro do que costumava nos cobrar... Será que ele ficou bravo que não fomos? Aí ficamos de mal com o tiozinho da internet e achamos outra lan house. Paciência, ué! (A gente passava embaixo da loja dele e ele só ficava nos fitando lá de cima, todo ressabiado!)

E o dia do eclipse? Nossa, como se não bastasse o feriado do Pongal para suspender nossas aulas e aumentar o nosso tempo de perambulação por Coimbatore, ainda teve eclipse. O que que tem?


A cidade parou! Durante o eclipse, o comércio fechou, as pessoas se recolheram, não tivemos aula. Na secretaria da ARSHA e no hospital inteiro todos estavam quietinhos, com os computadores desligados, sem comer, sem beber, sem sair à luz do sol, enquanto o eclipse não acabasse. Depois fui ler que foi o eclipse mais longo do milênio - mas precisava deixar a gente sem aula e com fome? Precisava, claro. Estávamos na Índia e os indianos sempre tem uma razão especial  e milenar para atitudes comportamentais! Segundo os Vedas, não se deve fazer nada durante um eclipse porque o estado do organismo é alterado neste momento. Se observarmos a natureza, realmente, os pássaros, os cães, as vacas ficam meio confusos, não saber direito se está anoitecendo ou o quê. Então, tive que me conformar e obedeci às orientações. Não, não tinha ninguém, com um RX na mão para servir de filtro e olhar o fenômeno! Aliás todas as fotos deste post são minhas, exceto esta do eclipse - mesmo que eu tivesse o equipamento adequado eu não montaria um circo fotográfico no pátio do hospital, bem na hora em que estavam todos recolhidos por razões tão importantes!

Quando se é viajante e não turista, tudo isso é natural. Não há a menor necessidade de correr das baratas,de não desejar um Happy Pongal to you, sir só porque o feriado poderia atrapalhar as aulas, de ficar mau humorado por achar que essas coisas de eclipse são puro misticismo, de desviar das calçadas tingidas de cocô, de não ter paciência com a tiazinha da cabine telefônica, de não comer na rua... e de não se divertir muito com essas histórias ...

Sim, a gente só andava de chinelo nas calçadas de cocô e ficávamos com os pés imundos, ouvíamos pacientemente as estórias da tiazinha do telefone e ficamos até com dó de ter dado uma gelada no moço da internet! Sim, enfiamos o pé na sujeira, comemos na rua com a mão suja, dormimos num sari, fizemos xixi de cócoras, viajamos de trem, ficamos suadas e encardidas, demos de comer e fizemos reverência à vaquinha do hospital, frequentamos o templo, participamos dos pujas, recebemos tratamentos ayurvédicos meio bizarros e não muito confortáveis, comemos na rua...

e não tivemos micose, nem diarréia... só um pouco de saudade de casa... na última semana! E voltamos inteiras, com aquele algo mais no coração, que só quem viaja conhece... Ah, Índia queridaaaaa!!!!

Depois conto mais!

OM SHANTI!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

UMA COISINHA QUE APRENDI NA ÍNDIA: Summer Masala





 É difícil de achar que comida preparada com especiarias combina com o este calorão do verão! A maioria das pessoas torce o nariz... mas na Índia, principalemte no sul, onde faz um calorão desses mesmo no inverno, as especiarias não ficam de lado! A comida indiana é bastante apimentada para o paladar ocidental. Mas a  MASALA  मसाला , termo em Hindi que quer dizer mistura de ervas, especiarias e/ ou aromatizantes nem sempre é apimentada. Pode ser feita em infinitas combinações, que adquirem  características especiais, resultando em sabores mais diversos e em benefícios para a saúde, principalmente quando usada de acordo com a estação do ano. Um pozinho perfumado que, como mágica, dá o sabor típico e exótico aos pratos indianos e asiáticos e ainda por cima  ajuda a melhorar o agni - o nosso fogo digestivo. Com especiarias, o alimento é mais facilmente digerido e, potanto, os nutrientes são melhor aproveitados!

Então, vamos sair do trio alho-cebola-salsinha!

Uma passadinha no Mercado Municipal, ou em um bom super-mercado e... tudo resolvido! Encontramos, aqui no Brasil, a grande maioria dos ingredientes usados no preparo das mais diferentes masalas!!!

Antes do preparo de qualquer prato indiano, a masala é adicionada a um pouco de ghee (a manteiga clarificada) e frita-se um pouquinho até queo aroma se desprenda. Depois se adiciona os outros ingredientes como lentilhas, legumes, paneer... do prato que vai ser preparado.


Os tipos mais famosos de masalas aqui no ocidente são o Curry e o Garam masala. O curry é preparado essencialmente com de açafrão-da-terra (cúrcuma, que dá a sua cor tipicamente amarela), cardamomo, coentro, gengibre, cominho, casca de noz-moscada, cravinho, pimenta e canela, podendo ser modificada de acordo com a região da Índia ou com a tradição da família. Aqui no Brasil é muito fácil achar Curry pronto no supermercado. Garam masala também é fácil de achar. É só abusar da criatividade para experimentar!

Numa tarde tranquila no biblioteca do AVP Hospital, encontrei em um livro de dietética Ayurvédica receitas para preparar masalas para cada estão do ano! A do VERÃO é a seguinte:



SUMMER MASALA
  • 2 colheres de sopa de sementes de coentro
  • 1 colher de sopa de sementes de erva-doce
  • 1 colher de sopa de sementes de cardamomo
  • 1colher de sopa de sementes de papoula (estas estão um pouco mais difíceis de encontrar no Brasil...)
  • 1 colher de chá de pistilos de açafrão
  • 10 cravos



Dá para escolher a quantidade a ser preparada, desde que se mantenha a proporção entre os ingredientes. Eles pode ser triturados com um pilão ou esmagados com um pedra de rio, sobre uma superfície dura. Assim, antes de preparar um prato, dê uma rápida fritadinha com um pouquinho de ghee, até que o aroma se desprenda ou as sementes estourem. Depois adicione os legumes, o arroz, a lentilha... Se estiver bem triturada, a masala pode ser adicionado diretamente sobre o prato!

O coentro é uma das principais ervas para problemas digestivos: flatulência, vômitos, indigestão, cólicas. Diminui o excesso de kapha, diminui o calor interno e a sede, bom para todas as desordens pitta. Antídoto para os alimentos muito picantes e quentes. O erva-doce tem propriedade esfriante e também digestiva. O cardamomo tem propriedade esfriante e ajuda a digerir toxinas...... o assunto é vasto.....

Ou seja, temos uma farmácia na cozinha! E ainda por cima é tudo delicioso!

OM SHANTI!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

SAIBAM: Gestar. Yogar. Maternar

 Hoje fiquei tão lisonjeada como convite da minha amiga Ana Paula Malagueta para participar do blog
Gestar. Yogar. Maternar com um post sobre Ayurveda & Gestação:

http://gestaryogarmaternar.blogspot.com/2010/02/gravidez-ayurveda.html

O blog é muito bom, vale a visita! (já está devidademente linkado aí ao lado)

Aninha e eu dividimos e trocamos muito sobre Yoga e Ayurveda, tanto na nossa vida pessoal como na profissional. Uma ajuda a outra e a outra ajuda a uma! Temos em comum a paixão pelo começo da vida: a Ana é professora de Yoga, especializada em gestantes, doula e educadora perinatal.

Aninha, faz tempo que eu não te vejo, querida, saudades!

OM SHANTI!

DIARIO DE BORDO: Coimbatore - Arsha Yoga Vidya Peetam Trust

A experiência no AVP Hospital em Coimbatore foi mais do que especial!
Ficar totalmente envolvida com o hospital foi muito mais legal do que eu esperava! Tínhamos uma rotina que me fez lembrar bastante dos tempos do internato na Faculadade de Medicina:

Pela manhã visitas à enfermaria com o chefe: Dr. Narayana - nos primeiros dias um senhor sizudo, rápido, passava aqui e ali nos quartos sendo muito simpático e atencioso com os pacientes! Mas nós parecíamos uns fantasminhas atrás dele! Durou pouco: na primeira brecha lá fui eu com mil perguntas para Dr. Narayana - e ele gostou! Devagar fomos quebrando o gelo, até o ponto em que, ao sair da enfermaria, ele resumia rapidamente para nós a evolução do paciente. Nas últimas visitas Dr. Narayana já estava todo feliz de ter "médicas-estudantes" (como ele mesmo se referia à nós) acompanhando o seu trabalho! E nós, totalmente honradas com a atenção dele...

Depois da visita: ambulatório com Dr. Keshavan. Este era rápido. O ambulatório dele era bem cheio, então as consultas eram bem rápidas, tipo, 5 minutos! É claro que ficamos boiando no início: trocentos nomes de medicamentos ayurvédicos, termos em sânscrito, e a lingua, pois a maioria dos pacientes falava malayala ou tamil com o Dr.! Mas dois fatores nos salvaram: o prontuário ambulatorial era no computador, em inglês, então víamos as queixas e a prescrição na tela; e a salvadora-mor: Sandia, a estudante indiana de Ayurveda, que estava a 6 meses da formatura, e que cochichava tudo nas nossas orelhas. Outro amigo foi o Sanjit, outro estudante que nos ajudava, mas preferia a técnica de passar bilhetinhos! Dr. Keshavan também logo amoleceu e discutia os casos com os dois em inglês, para que nós pudéssemos entender, e logo soltava aquele "oh, please come!" indiano ao nos ver plantadas na porta da sua sala...

  • Depois do ambulatório a gente almoçava na cantina do hospital. Era nos servido o "prato feito" do dia - o thali: arroz, dhal (lentilha), vegetais, curd (iogurte), chutney, pickles e papad (pãozinho frito) e a sobremesa que normalmente era arroz-doce ou sagu. Uma delícia de refeição vegetariana, a gente não enjoava! Nem do thali nem do dosa - a "panqueca sem recheio" do café da manhã! Bom, para comer o thali, você vai misturando os caldinhos no arroz, amassa com os dedos vinte e cinco vezes pra cá, vinte e cinco vezes pra lá, para formar tipo um bolinho e nhac! (a história das vinte e cinco vezes é só uma brincadeira nossa de observar os indianos comendo com a mão numa prática... a gente bem que tentou mas ficamos longe de fazer como eles!)




"two dosa, two tea, please!"





    Depois do almoço, tínhamos aulas teóricas e práticas, com a Dra. Liji e Dr. Hari. Ambos excelentes professores! A Liji tinha todos os textos clássicos decorados na cabeça, impressionante! Tinha respostas exatas e rápidas para todas as nossas perguntas. A aula dela era bem precisa, baseada totalmente nos clássicos do Ayurveda: Caraka e Susruta Samithas e Astanga Hridayam, para o meu deleite! O Dr. Hari tem um jeito todo especial de dar aulas! Eu e a Bárbara ficávamos hipnotizadas com o jeitinho dele de fazer tudo se encaixar na nossa cabeça: "... because of Vayu..." ele dizia, com o indicador apontando para cima, para ressaltar a importância da sentença, e com um cara de sério, muito sério, mas que só fazia ressaltar as covinhas! hahaha... que graça!

    À noite jantávamos e íamos para o nosso canto lá no Aditya Apartaments, na própria Trichy Road, o alojamento do AVP Hospital - tipo uma república, que ficavam os estudantes gringos. Bem roots, no melhor estilo Índia, mas ficou a nossa cara depois de uma faxininha básica...

    Esses tempos em Coimbatore foram mesmo ricos demais! Tanto no que eu aprendi de Ayurveda - ver a experiência clínica deles foi fundamental para eu sair mais ainda da teoria e fazer a aplicação prática ter todo sentido - apesar da fisiopatologia ser tão diferente, os medicamentos tão diversos, apesar do Ayurveda ser uma ciência antiquíssima, a forma com que eles praticavam Ayurveda lá era literalmente medicina. Digo, para eu que vivi os tempos de internato e residência médica, chegar lá e ver o Ayurveda ser exercido junto com tudo o que eu vivienciei na minha prática médica convencional, foi excepcional. Parecia que falávamos a mesma língua. Qual não foi  minha alegria ao chegar no AVP Hospital e poder ter em minhas mãos os prontuários, as prescrições, as histórias clínicas tiradas pelos residentes, as discussões de caso, as visitas... tudo, tudo, tudinho como eu aprendi na faculdade - e concluí: medicina é medicina - mudam o raciocínio e os instrumentos, mas prática médica continua sendo prática médica em qualquer lugar do mundo e com qualquer sistema de medicina. Fiquei muito feliz de ver a seriedade, a ética, a precisão e a conduta perfeita dos médicos indianos. Espero que eu consiga trazer isso para a minha prática também!

    Tenho certeza que cada vez mais o Ayurveda vai se estabelecer como prática médica aqui no Brasil, assim como aconteceu com a Medicina Tradicional Chinesa e a Homeopatia. É muito importante que o público em geral comece a ver o Ayurveda desta forma: um sistema de medicina que abrange muito mais do que técnicas de massagem e tratamentos superficiais. O Ayurveda pode e deve ser exercido na sua forma mais ampla, por profissionais com conhecimento médico, para tratar os mais diversos tipos de doenças.

    Estou mais do que feliz por ter constatado tudo isso lá na Índia e por estar ligada, aqui no Brasil, à Clínica Dhanvantari e às pessoas que pensam da mesma forma que eu e que, com certeza, não medem esforços para exercer o Ayurveda com toda propriedade ética.

    OM SHANTI!

    TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

    Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

    Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

    Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

    Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

    Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

    Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

    TODOS SOMOS UM