segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Namaste - o significado

Namaste!

Os indianos frequentemente se cumprimentam com Namaste (e eu saúdo os leitores do blog com Namaste também) não só por costume. Juntar as mãos em frente ao peito com um suave reclinar da cabeça pode ser considerado apenas um  mero gesto de formalidade, mas é muito mais do que isso! A saudação serve para todos: mais velhos, mais novos, para estranhos ou parentes conhecidos. A saudação com Namaste chama-se NAMASKAARA. (pode-se dizer Namaskar em situações mais formais).

A palavra NAMASTE   नमस्ते  vem do sânscrito: Namah + te, que literalmente significa "eu me curvo diante de você", ou seja, "minhas saudações à você". E ainda, Namah em sânscrito, pode ser literalmente interpretado como "na-ma" ou "não - meu". Tem o significado espiritual de negar ou reduzir o seu ego quando na presença de outro.

O encontro verdadeiro de duas pessoas acontece pelo encontro das suas mentes. E o ego pode atrapalhar e muito este encontro. Para verdadeiramente encontrar alguém, ouvir e ver esta pessoa, precisamos estar com o ego em seu devido lugar: apenas representando o seu papel natural que é discriminar que eu sou eu e você é você, nada mais do que isso. O ego não deve ser grande demais a ponto de impedir que se tenha acesso à outra pessoa. Com o ego no seu devido lugar, o pré-conceito diminui, a sensação de onipotência, poder e de que eu sei tudo e sou o centro do mundo desaparecem. Só assim é possível verdadeiramente encontrar o outro.

Portanto, ao gesticular e dizer Namaste, estamos querendo dizer "que as nossas mentes se encontrem", indicado pela união das palmas em frente ao peito - por isso dei o nome de NAMASTE ao blog - que a minha mente encontre a sua, que possa haver troca.

O suave declinar da cabeça é uma forma graciosa de estender amizade, em amor e humildade.

O significado espiritual de NAMASTE é ainda mais profundo: A força vital, a divindade, o Deus em mim, é o mesmo que está em todos nós! Ao reconhcer esta unanimidade através do encontro das palmas e com a cabeça declinada, saudamos a divindade na outra pessoa que encontramos. E é por isso que, quase automaticamente, fechamos os olhos ao saudar uma pessoa ou uma divindade: para que se possa para olhar para dentro.

Sabendo destes significados, a saudação deixa de ser apenas um gesto ou palavra solta, mas passa a ser uma caminho para uma comunhão maior com o outro, numa atmosfera de amor e respeito.

Na Índia, as pessoas têm muito repeito pelas outras. Não é formalidade, é respeito mesmo. É o reconhecimento de que a divindade está ali, no outro também! Vivenciei vários exemplos de respeito verdadeiro pelo próximo:

Quando o professor entra na sala de aula, todos se levantam, é uma forma de prestar homenagem àquela pessoa mais sábia e chama-se PRATUTHANA;

Para cumprimentar uma pessoa de idade, os próprios pais ou avós, ou alguém mais sábio  é comum ver as pessoas se abaixando para tocarem-lhe os pés. Esta forma de reverência chama-se UPASANGRAHAM;

A prostração com os pés. joelhos, barriga, torax e testa tocando o chão é mais comum de ser ver dentro dos templos, em frente às divindades ou aos sábios mestres. chama-se SHAASHTAANGA

E PRATYABIVAADANA é o ato de retribuir uma saudação: a forma menos formal que eu vivi lá na Índia e que me identifiquei e acabei trazendo para a minha vida também, é um "mini-namaskaara": a mão direita sobre o centro do peito (coração, que é a sede das emoções) e um leve reclinar da cabeça, assentindo em direção à pessoa, com um sorriso no rosto diz tudo: retribuo as saudações e amavelmente lhe saúdo.

É um gesto muito suave, que eu recebia dos meus professores, dos médicos que conheci, dos vendedores, dos funcionários e até dos guardas... é um gesto tão amável, que não tem  como não retribuir e não sorrir!
E também aprendi a usá-lo, tanto lá na Índia como aqui no Brasil, em sinal de agradecimento, respeito e amabilidade!

Hoje vejo que aqui no Ocidente é muito difícil presenciarmos alguém baixando a cabeça para outra pessoa. Tanto no sentido literal, como no caso da saudação, como no sentido mais metafórico. Egos inflados demais fazem com que a maioria das pessoas não consiga perceber como é bom ouvir, ver realizar o outro. Afinal, no exato momento em que encontramos uma pessoa, seja ela um professor, um parente, amigos, um vendedor numa loja, um funcionário do local de trabalho, ainda não sabemos o que esta pessoa írá nos dizer, nos mostrar, nos ensinar naquele momento. Declinando a cabeça por um segundo, deixamos o ego quieto lá no seu devido lugar e podemos receber o outro, sem pré-julgamentos.

Aprendi a ter uma grande satisfação em ouvir o outro, em me abrir completamente para o que virá através do outro. E no dia-a-dia, no trabalho, na família, na rua, tenho a maior satisfação em receber a todos com um sorriso e de coração aberto. Fui aprender na Índia o quanto isto me faz um bem danado e garanto que, na grande maioria das vezes, a recíproca é verdadeira!

Namaste, então, agora cheio de significado!

OM SHATI!

domingo, 15 de agosto de 2010

SAIBAM: Gestar...

Sim, sim, tempo demais sem escrever no blog!

Mas não me condenem desde já! O início do ano foi tão cheio de novidades que me perdi nelas!
Novidades na vida profissional, na familiar... Mas foi uma novidade específica, bem interior, que me tirou do eixo, no bom sentido da coisa!

VOU SER MAMÃE!!!

Não podia esperar uma novidade tão gostosa, que aconteceu tão rápido, no começo deste ano!

(Aliás, podia sim, já que meu astrólogo védico, o HoracioTackanoo, tinha previsto o ano passado, com tanta precisão!)

Cheguei da Índia no começo de Fevereiro, ainda embrigada pela viagem e pelo mergulho em tanto conhecimento. Antes da viagem, a vontade de engravidar ainda praticamente  não existia, pelo menos não ainda na superfície ... mas a Índia é especial, e mexeu comigo de tantas formas, que voltei diferente - redundante isso, já fale umas mil vezesi: ninguém volta o mesmo da Índia -  alguma coisa sempre muda, no interior.

Mesmo que, aos olhos das pessoas, eu continuasse a ser a Silvia de sempre, lá dentro, tinha surgido o desejo de ser mãe, que estava obscurecido pelas minhas milhões de curiosidades, objetivos, estudos e dedicações durante todo 2009. E, a partir de fevereiro de 2010, de volta ao colo do meu maridão, toda a minha atenção se voltou para um objetivo maior que todos aqueles que eu já julgava serem grandes: FAMÍLIA!

E assim foi! Tão intenso e tão rápido que engravidei em Março! E aí, Flavio e eu, que tínhamos tantos objetivos juntos (viagens exóticas, música, arte, filosofias...ape novo...), passamos a nos encontrar no maior de todos os objetivos que um casal pode ter: o de construir uma família. Nosso canto, nosso jeito, nossa casa, nossa herança para este mundo...

E hoje, estou aqui, com a Ana Luisa - Analu, para os íntimos - na barriga há 24 semanas! Meu foco agora é ela, nossa pequena Lakshmi, aqui dentro do meu ventre, podendo crescer tranquila e saudável. Continuo praticando yoga, (não com a frequencia que eu deveria, mas continuo!), tomando as medicações que trouxe da Índia, caminhando, ouvindo mantras, fazendo tudo possível para poder ter um parto normal, sem intervenções.

Estou sendo acompanhada por uma equipe de profissionais maravilhosos, incluindo o Dr. Jorge Kuhn, médico parteiro, como ele mesmo faz questão de se apresentar. A equipe, que é formada também por uma doula, uma parteira e um pediatra, trata de me deixar tranquila e me dar a certeza que não passarei por uma cesariana marcada ou mau indicada - a famosa "desnecesária"! Sei que estas pessoas, junto com o apoio incondicional do meu marido, irão me conduzir nesta jornada de vivenciar o momento de dar à luz e da maternidade da forma mais serena, tranquila e natural, simplesmente me ajudando a aceitar as coisas como são, a realidade como ela é, sem o véu da ilusão cobrindo meus olhos e querendo me convencer que a dor não existe e que o esforço não é neessário! E além de tudo, tenho a certeza que minha bebê não passará por intervenções desnecessárias e chegará neste mundo de forma suave, diretamente para o peito da mamãe e para o colinho do papai!

Tirando esta pequena e doce novidade chamada Ana Luisa, o resto continua caminhando! Continuo dando aulas no Cursode Formação para Terapeutas em Ayurveda da Clínica Dhanvantari, atendendo a consultas e sigo com a minha rotina na Pediatria convencional... pode parecer muito, mas reduzi consideravelmente as horas de trabalho/ mês, para não me sobrecarregar demais neste momento tão especial!

A partir de agora, o foco se desvia um bom tanto para o mais importate de todos os objetivos que já tive nesta minha vida! E o Ayurveda, o Yoga e tudo o que aprendi na Índia vêm casar com esse momento lindo que estamos vivendo, permeando a nossa vida e o nosso dia-a-dia, enriquecendo ainda mais a experiência de ser mãe e de dividir com o Flavio isso que cada um de nós chama de "a minha vida"!

OM SHANTI!

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

TODOS SOMOS UM