segunda-feira, 18 de julho de 2005

NONSENSE: buda e horizonte

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"Meio mexido, dividido? Um prato quer ir pra lá, o outro não quer saber de nada... As revolvências nas suas internas podem deixá-lo meio confuso, mas desse caldo caótico emergirão decisões importantes. Você está sempre pensando em fazer coisas e mais coisas, mas talvez esteja precisando mesmo é de umas boas férias!"

E depois, quem diz que horóscopo é bobagem? Eu mesmo não costumo dar muita bola para horóscopo, mas hoje tem tudo a ver: passei o fim de semana inteiro querendo saber qual meu lado da balança que pende mais - típico de libriano, isso. Uma hora isso, outra aquilo... sempre indeciso.

Mas minha vida e meus sentimentos estão tomando um rumo inesperado. Espero que seja o rumo certo, e não aquele monte de ilusão e fantasia que aparece de vez em quando, principalmente na cabeça aérea de librianos, como eu.

Não é de hoje que acho que estou olhando errado. Olho aqui, ali, talvez com o queixo alto demais, e estou deixando pessoas, coisas e momentos passarem. Quando os olhos estão fixos no horizonte, procurando algo muito à distância, aquilo que está aqui perto, embaixo do nariz, passa despercebido. Então, de uns tempos para cá, ando olhando para as pessoas, coisas e momentos mais de perto. Pessoas, coisas e momentos que estão aqui, bem embaixo do meu nariz e que passaram despercebidos por tanto tempo. Ou que não quis enxergar. Ou eu não estava preparada para enxergar.

Só sei que, nessas minhas viagens meditativas-reflexivas, concluí que muito do que eu imagino fazer parte daquilo que eu chamo de felicidade, pode muito bem estar aqui pertinho e não lá longe, no horizonte, onde eu estava procurando. Mesmo porque, o horizonte é tão distante e não chega nunca! O horizonte está sempre além, imutável, inatingível. Se a felicidade estiver lá, não vai ser alcançada, abraçada. Será sempre utópica, longínqua, distante... por isso me caiu essa ficha: as coisas ficam bem mais fáceis quando estão ao alcance da mão, do abraço, do colo, da boca. Que mania é essa de querer só o que não está ao meu alcance?

Acho que pode ser medo ao invés de mania. Quando alguma meta é atingida, quando um obejtivo ou um amor é conquistado, quando a felicidade chega, é inevitável que apareça o medo - medo de perder, daquilo não se perpetuar, de se extinguir ou voltar lá para o horizonte, o lugar inatingível de onde veio. Isso acontece porque eu, reles mortal, tenho uma grande dificuldade de entender que nada nessa vida é permanente. Tudo cicla, começa e termina, vem e volta. Apesar de estudar e entender um pouco de Budismo, realmente a impermanência das coisas me deixa um pouco atordoada.

Mas progredi, olha só: já consigo colocar em prática o conceito de que felicidade não está LÁ, mas AQUI e que é feita de coisas simples, pequenas. É só aceitar, quando ela aparece. Para mim isso muda tudo pois, como disse, consegui baixar a guarda e perceber certa pessoa, coisa, momento e sentimento que estavam por aí há algum tempo, passando despercebidos pelos meus olhos teimosos que só olham para longe, pelo meu coração bobo que só quer o que não pode, e pela minha cabeça totalmente nonsense que só se liga em que (ou quem) não precisa (ou não merece).

Agora, depois de tanta refelxão, budismo e horizonte, chegou a hora de fazer as coisas acontecerem. Chegou a hora de fluir, justo agora que estou livre das amarras e querendo arriscar sentir medo, perder, recomeçar. Melhor do que ficar parada olhando o horizonte e vendo o tempo passar. Aprendi a baixar o queixo, olhar em volta com um raio menor, sorrir e abraçar pessoas, momentos, sentimentos, causas... que a vida me oferece e que simplesmente não posso me dar ao luxo de desperdiçar.

Como nada é permanete, hoje saio da inércia e recomeço.

Om shanti! ॐ शन्ती

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TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

TODOS SOMOS UM