segunda-feira, 4 de julho de 2005

NONSENSE:...sai, pedra, do meu caminho!

"Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."

Fernando Pessoa, 18-9-1933

Fernando Pessoa era meio baixo astral, mas olha só como ele acerta nesse poema!

Nesta última semana, não sei porque (aliás, até sei sim), tenho experimentado essa sensação, que ele descreve no poema... e como na minha vida nada é por acaso, o poeminha veio parar na minha mão - por isso estou publicando aqui - só pra cutucar ainda mais esse questionamento, que algum dia todo mindo já fez: "mas afinal, o que é real e o que é só imaginação da minha cabeça???"

As coisas ficaram confusas e meu sexto sentido, que na maioria das vezes é plenamente confiável, começou a me pregar peças também... ai ai... tudo isso por causa de um fantasma que resolveu arrastar suas correntes na minha vida - de novo! E pronto... fermento suficiente pra minha imaginação...

Nessas horas é que fica difícil distinguir o que é verdadeiro e real daquilo que é só fantasia... por isso persistimos no erro: a imaginação acaba nos convencendo de que aquele é o caminho certo. Mas ao seguir por ele lá está a pedra, bem no meio do caminho - "no meio do caminho tinha uma pedra" como disse Drummond. e pimba! - o tombo! você acorda do devaneio ainda com a boca cheia de areia e percebe que aquilo era mesmo uma peça que pregamos em nós mesmos...

Como pode, né? como a gente se engana e se confunde com a própria cabeça? a gente inventa um treco, acredita nele, investe, vai fundo... e aí... puff! fatalmente acorda!

Bom, ainda bem que eu acordei, né? Já tomei meu tombo, já levantei, sacudi a poeira e agora sei bem onde estão as pedras. Não é fácil, mas daqui pra frente, sinto muito, estou vivendo o que é REAL. Não tem mais espaço para o que pode ou poderia ser. Quero o que É.

É uma bosta o que É. Até preferia acreditar em toda aquela fantasia porque ela me enchia de esperança, de sonho, de... sei lá do que mais... mas sempre tinha aquela sensação de que isso não é real, ou não vai durar, ou não confie nisso, tal. (o sexto sentido aí: avisando!)

Nã-nã-não: daqui pra frente é o concreto, o prático, o certo... é o que É! E o que É, é isso: pode parar de me rondar porque você já mostrou quem você é, eu já aprendi, na pele, no tombo, no coração - e apesar da sua voz doce, do seu jeito tooodo acolhedor, da mania de achar que tudo passa, ou que nada de mais grave aconteceu... eu já sei que isso é o que não é.

Sai, pedra, do meu caminho!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Sil!!!!!!!!!!

É isso aí, vamos tirar todas as pedras do nosso caminho, mesmo que algumas nos deixem feridas...
Beijos, Ci.

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Médica formada na Faculdade de Medicina do ABC em 1999. Fez residência em Pediatria na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP até 2002.

Especializou-se em Homeopatia pela Escola Paulista de Homeopatia, atual ICEH, de 2003 a 2005.

Seu interesse em Ayurveda nasceu com o início das práticas de Yoga em 2002. Em 2007, fez o módulo I de formação em Yoga com Pedro Kupfer. Em 2008 concluiu a formação em Ayurveda na Clínica Dhanvantari em São Paulo, com Dr. Luiz Guilherme Corrêa Neto.

Na Índia, fez estágio em Ayurveda e Pregnancy & Baby Care na “School of Ayurveda & Panchakarma”, Kannur, Kerala, em Janeiro de 2009 e no Arya Vidya Peetam Trust, AVP Hospital, Coimbatore, em janeiro de 2010.

Atualmente trabalha na em seu consultório, atendendo a consultas de Pediatria e Puericultura, permeadas pela Homeopatia, pelo Ayurveda e pela sua bagagem de maternagem.

Escreve o blog PEDIATRIA INTEGRAL no Portal de maternidade ativa Vila Mamífera.

TODOS SOMOS UM