

"Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração."
(FRESTA, Fernando Pessoa )
Mais uma vez, Fernado Pessoa, o baixo-astral, aqui no meu blog, descrevendo tão completamente a sensação do vazio. Não que eu esteja me sentindo assim especificamente HOJE, mas temos que admitir: todos nós temos vazios, porões, para serem explorados e iluminados à luz da consciência, a fim de se perceber o tamanho e os restos, sujeiras e destroços que porventura sobraram por lá.
Pois é, essa fase de vasculhar o porão, fazer aquela limpeza geral e iluminar cada canto é um pouco complicada. Extensa, profunda. Estou fechada no meu porãozinho hoje, fazendo faxina, zerando. Já encontrei alguns bichos-papões em baixo da cama, mas olha, não saí correndo! Toquei tudo pra fora, à vassouradas.
Agora, livre dos monstrengos, dedico-me a organizar tudo, pôr cada coisa em seu lugar. Farei do meu porão um lugarzinho mais aconchegante e ensolarado, com vaso de flor no beiral e tudo. Quem sabe aí se proximem alguns passarinhos...
Enquanto isso descanso da faxina lendo um bom livro, curtindo a família (inclusive a Nina!) e os amigos. Isso faz com que meu canto se encha de graça, de ecos de risos, gritinhos de satisfação (e agora latidos também!). E aí, concluo, numa sensação gostosa, que tudo deve estar no seu devido lugar!
Logo terei mais ânimo para sair. By now, olho pela fresta. Daqui do meu canto reparo que algum raio de sol já se esquia pela fresta da porta, chamando-me para um passeio lá fora... já vou, já vou! Tô indo!!!.....
Om Shanti!
Nenhum comentário:
Postar um comentário